A vida e o ensinamento de Jesus são encontrados
nos primeiros quatro livros do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e João.
Outros livros do Novo Testamento são também o
ensinamento de Jesus, pois ele revelou-o pelo Espírito Santo, através de homens
como Pedro e Paulo.
Paulo escreveu:"Se
alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o
que vos escrevo" (1
Coríntios 14:37).
Os sete sinais no Evangelho de João
Quando
falamos dos Evangelhos, os livros que contam a vida de Jesus, costumamos
dividi-los em dois grupos: os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e João.
Essa
divisão tem a ver com o carácter deles.
Os três primeiros, embora
não idênticos, são muito parecidos.
João, invés,
é muito diferente dos sinóticos, seja pelo estilo que pelo conteúdo.
Por
exemplo, nos sinóticos abundam os milagres, enquanto que em João aparecem
poucos: apenas sete, entre os quais
três que não se encontram nos outros evangelhos.
Outra
diferença importante é o estilo dos textos.
Nos sinóticos é marcado o uso das
parábolas, por parte de Jesus, para explicar a sua mensagem. Em João elas não aparecem, mas há
muitos diálogos, que não existem nos primeiros três evangelistas (Samaritana,
Nicodemos).
Podemos
ainda citar a questão geográfica: os sinóticos situam o ministério de Jesus na Galileia e Jerusalém e somente o local da sua Paixão; João, invés,
centra todo o ministério de Cristo em Jerusalém.
E, por
fim, coisa fundamental, João fala especificamente de Cristo, enquanto que nos
sinóticos aparece muito sublinhado a relação de Jesus com os apóstolos.
Esses elementos mostram como João escreveu
uma obra particular, que precisa ser tratada com um olhar diferente.
A estrutura de João
Sem
entrar em detalhes sobre a divisão do Evangelho de João, queria apenas mostrar
como uma das partes do Evangelho é dedicada aquilo que normalmente é dito “os
sinais” de Jesus, que são sete.
É
normal, deixando como uma introdução o capítulo 1, dividir o quarto evangelho
em duas partes:
·
1,19 –
12,50: livro dos sinais – Quem é Jesus
·
13,1 –
20,31: livro da glória – Ceia, morte e ressurreição de
Cristo
Os sete sinais
Na
primeira parte da sua obra, João procura mostrar quem é Jesus, descobrir a sua
natureza, revelar a sua missão. Para isso usa “sinais”, que são sete:
·
As bodas de Caná (2,1-12)
·
Cura do filho de um funcionário (4,43-54)
·
Cura do paralítico (5,1-47)
·
Multiplicação dos pães (6,1-15)
·
Caminhar sobre as águas (6,16-70)
·
Cura do cego de nascença (9,1-41)
·
Ressurreição de Lázaro (11,1-54)
A IDENTIDADE DE JESUS NO EVANGELHO DE JOÃO
7 “Eu sou a videira, Meu pai é o agricultor, sem Jesus não podemos fazer
nada”7 “A VIDEIRA VERDADEIRA”
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai
é o agricultor... Eu sou a videira, vós, os
ramos. Quem permanece em mim, e eu,
nele, esse dá muito fruto; porque sem
mim nada podeis fazer.” (15.1,5)
6 “O CAMINHO, A VERDADE, E A VIDA”7 “
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
Se vós me tivésseis conhecido,
conheceríeis também a meu Pai. Desde agora
o conheceis e o tendes visto.” (14.6-7)
5 “A RESSURREIÇÃO E A VIDA”
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem
crê em mim, ainda que morra, viverá; e
todo o que vive e crê em mim não
morrerá, eternamente.” (11.25-26)
4 “O BOM PASTOR”
“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a
vida pelas ovelhas... Eu sou o bom
pastor; conheço as minhas ovelhas, e
elas me conhecem a mim.” (10.11, 14)
3 “A PORTA DAS OVELHAS”
“Em verdade, em verdade vos digo: eu
sou a porta das ovelhas... Eu sou a
porta. Se alguém entrar por mim, será
salvo; entrará, e sairá, e achará
pastagem.” (10.7,9)
2
A LUZ DO MUNDO
Joao 8-12 “Eu sou a luz do mundo; quem
me segue não andará nas trevas; pelo contrário,
terá a luz da vida... 9-5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do
mundo.”
1 “O PÃO DA VIDA”
“Eu sou o pão da vida; o que vem a mim
jamais terá fome... Eu sou o pão vivo
que desceu do céu; se alguém dele
comer, viverá eternamente; e o pão que eu
darei pela vida do mundo é a minha
carne. (6.35, 51)
Jesus Cristo é o Caminho
"O homem,
nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação" (Jó
14:1).
Estas palavras, ditas milhares de anos atrás,
expressam o sentimento de muitos dos que vivem hoje em dia.
Agora, contudo, há uma saída: Jesus
Cristo. Ele disse de si mesmo, "Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida" (João
14:6).
Para tudo que é verdadeiramente bom, tanto nesta
vida como na vida vindoura, Jesus Cristo é o caminho.
Seguir a Jesus como "o caminho"
significa mais do que só louvá-lo com nossos lábios. Ele disse:
"Por que me chamais 'Senhor, Senhor,' e não fazeis o que vos mando?" LC.6:46).
"Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus
discípulos" (João 8:31).
Seguir Jesus
como o caminho, portanto, exige um estudo cuidadoso do Novo Testamento e um
esforço determinado para viver como ele ordena.
Jesus, o Caminho para uma Vida Melhor
Jesus declarou o propósito de sua vinda à terra
com as seguintes palavras:
"Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (João 10:10).
Jesus providencia esta vida melhor, oferecendo a solução para os problemas
que tornam a vida difícil: culpa,
insatisfação e medo.
Ele não promete riqueza ou luxo, mas nos conforta com uma
mensagem de um Pai amoroso no Céu, que cuida de seus filhos e que proverá
as coisas de que eles verdadeiramente necessitam.
"Portanto, não vos inquieteis, dizendo 'Que comeremos?'. . . Pois vosso Pai
celestial sabe que necessitais de todas estas coisas; buscai, pois, em primeiro
lugar, o seu reino e sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas" (Mateus 6:31-33).
As pessoas mais felizes no mundo são aquelas
que mais completamente se dedicam a seguir Jesus como o caminho.
"No qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e
cheia de glória" (1 Pedro 1:8).
Jesus, o Caminho para o Perdão dos Pecados
O pecado é uma ameaça mais séria
contra nosso bem-estar do que qualquer perigo físico, econômico ou social, que
enfrentemos.
Entretanto, todos nós somos culpados de pecado
e incapazes, por nós mesmos, de remover sua mancha.
O pecado é violação da lei de Deus e somente
Deus pode perdoá-lo.
Ele providenciou nosso perdão através de Jesus.
"No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo
a riqueza da sua graça" (Efésios 1:7).
A lei diz: “Faça e
viverás”; a graça diz: “Crê e viverás”.
A lei exige perfeição; a
graça providencia a perfeição.
A lei condena; a graça
liberta da condenação.
Enquanto o homem estiver
debaixo da lei, ele está perdido.
O único modo para o homem
escapar do jugo da lei é pela fé em Jesus Cristo, “Porque o fim da lei é Cristo
para justiça de todo aquele que nele crê”. Romanos 10:4.
“Porque o pecado não terá
domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”.
Romanos 6:14.
2. A graça se contrasta
com o pecado em seu domínio. O pecado reina para a morte; mas a graça para a
vida eterna. Romanos 5:21
"Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos
pecados"
(1 Pedro 2:24).
Depois de seu sacrifício por nós, Jesus
explicou como aqueles que estão perdidos no pecado podem ter a remissão dos
pecados e serem salvos.
"Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os
mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para
remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém" (Lucas 24:46,47).
"Quem crer e for batizado ser salvo" (Marcos 16:16).
Jesus, o Caminho para Deus
As pessoas perdidas necessitam mais do que
perdão dos pecados.
Elas precisam de recuperação daquela íntima
união com Deus que perderam por seu pecado.
Enviando Jesus ao mundo,
Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo" (2 Cor. 5:19).
Jesus declarou que só se pode chegar a Deus
através dele. Ele disse:
"Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim" (João 14:6).
Jesus, o Caminho para Sair da Confusão Religiosa
Não precisamos fazer parte desta confusão.
Jesus não a aprovou.
Em Mateus 16:18, Jesus prometeu:"Edificarei a minha igreja."
Lemos sobre o começo de sua igreja em Atos,
capítulo 2.
"Acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos" (Atos 2:47).
O Senhor está ainda acrescentando à sua igreja
aqueles que estão sendo salvos. Se somos salvos, estamos em sua igreja e unidos
com todos os outros que nela estão.
"Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa
só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só
Deus e Pai de todos" (Efésios
4:4-6).
É bom para nós adorarmos e trabalharmos com
outros indivíduos salvos, que são ligados conosco em Cristo por estes laços da
união.
Ler João 17:19 E por eles
me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.
20 E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua
palavra hão de crer em mim; 21 Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o
és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia
que tu me enviaste. 22 E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que
sejam um, como nós somos um. 23 Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam
perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e
que os tens amado a eles como me tens amado a mim. 24 Pai, aqueles que me
deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a
minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo.
25 Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes
conheceram que tu me enviaste a mim. 26 E eu lhes fiz conhecer o teu nome,
e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles,
e eu neles esteja.
Jesus, o Caminho para o Céu
"Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o
juízo" (Hebreus 9:27).
A morte é a porta, tanto do céu como do
inferno. Morrer em Jesus é morrer no caminho para o céu.
"Então, ouvi uma voz do céu, dizendo, Escreve: Bem-aventurados os mortos
que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das
suas fadigas, pois as suas obras os acompanham" (Apocalipse 14:13).
"Bem-aventurados
aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes
assista o direito àrvore da vida, e entrem na cidade pelas portas"(Apocalipse 22:14).
A
compreensão do evento “Jesus”
Um texto
fundamental de João se encontra em 16,12-13:
Tenho ainda muito que vos dizer, mas não podeis
agora suportar. Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade
plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos
anunciará as coisas futuras.
Esse texto mostra
que quando Jesus falava nem tudo era entendido pelo seu público.
A compreensão do
que representou Jesus ficou evidente somente depois da sua morte e
ressurreição. O que escreve João por volta dos anos 90 não poderia ter escrito
quando Jesus morreu.
A compreensão da
vida de Jesus não foi automática, mas cresceu com o tempo. Os apóstolos não
entenderam imediatamente profundamente o sentido da sua pessoa e dos seus
gestos.
Em João há dois
textos que mostram esse processo de maneira clara.
O primeiro se
encontra no capítulo 2, quando Jesus fala da sua morte e ressurreição: “destruí
este templo, e em três dias eu o levantarei” (versículo 19). João, então
acrescenta: “Ele, porém, falava do Templo do seu corpo” (versículo 21).
“Quando ele ressuscitou dos mortos seus discípulos
lembraram-se de que dissera isso, e creram na Escritura e na palavra dita por
Jesus” (versículo 22).
O segundo texto se
encontra em João 12, que conta o ingresso de Jesus em Jerusalém, antes da sua
Paixão. Nessa ocasião o evangelista cita um texto de Zacarias 9,9: “Não temas,
filha de Sião! Eis que vem o teu rei montando num jumentinho!” E acrescenta:
“Os discípulos, a princípio, não compreenderam isso; mas quando Jesus foi
glorificado, lembraram-se de que essas coisas estavam escritas a seu respeito e
que tinham sido realizadas” (João 12,15-16).
João está dizendo
que o que Jesus dizia só foi entendido depois, repensando tudo o que aconteceu,
relendo a Bíblia os discípulos entediam o que fizeram com Jesus e se tornou
evidente que as Escrituras já falavam dEle. Só quando escreve o Evangelho João
tem consciência disso e pode inserir a passagem de Zacarias na narração sobre a
entrada de Jesus em Jerusalém.
Nesse sentido, o
evangelista, fazendo uma leitura teológica do evento Jesus, colocou na boca de
Cristo coisas que Jesus, durante a sua vida terrena, não pode ensinar. Foram
“ensinadas” pelo Espírito, como subentendido na passagem do capítulo 16, citada
acima. No fundo, são palavras de Jesus, pois se trata do seu Espírito que
ensina.
É por isso que o
Evangelho de João pode ser lido, com bons frutos, somente em nível espiritual.
Há, obviamente uma possibilidade de lê-lo como testo literário, estudando a sua
história, estrutura e estilo. Mas só a leitura da fé permite compreender toda a
sua profundeza.
Os
sinais
Os “sinais” da
primeira parte do Evangelho de João traduzem essa perspectiva espiritual da
obra.
O termo grego
usado é semeîon. Às vezes é traduzido simplesmente como “milagre”,
coisa completamente errada.
O sinal é algo que
faz vir à mente outra coisa. Ele pode ser natural ou convencional.
Um sinal natural é
algo entendido por todos. Por exemplo, fumaça relembra fogo. E isso em todos os
lugares do mundo. As pegadas de pés na areia da praia lembram uma pessoa, que
por ali passou.
Um sinal
convencional invés é diferente para cada cultura, para cada contexto.
No tempo dos vickings, o corno era sinal de força. É por isso que os vemos
sempre representados com um capacete com cornos. Hoje, para nós, o corno tem
outro sentido. A palavra “cachorro” significa o animal doméstico para todos os
que conhecem português. Mas para quem não o conhece, não quer dizer nada. Esses
são sinais convencionais.
Entender um sinal
natural é fácil, mas sinais convencionais mudam de cultura para cultura. João
usa principalmente sinais convencionais. Para entendê-los é necessário estudar
o seu contexto. Só assim podemos entender de maneira plena. Por exemplo, quando
diz que encontra a Samaritana no poço, precisamos entender o sinal “poço”, que
provavelmente para nós não significa nada, mas para a cultura bíblica significa
muito; é, por exemplo, o lugar privilegiado para começar uma relação que se
tornará “casamento”.
Para entender João
precisamos sair das nossas convicções culturais.